domingo, 19 de dezembro de 2010

Nessa, Vessa, Valsa, Balsa, Dança.


À noite a procurar por uma liberdade inexistente. Como se quisesse me rasgar por dentro.
Sinto arrebentar todos os sentimentos dentro de meu peito.
“O silêncio presente na luz que reflete na parede do quarto por uma pequena fresta da janela”. São momentos assim que compõem a vida.
não há mesmo mais nada a fazer. Nem é preciso. Não existe o parar pra pensar, mas a percepção do pensar.
Sento-me no desagrado, a buscar por um momento de solidão. Que já me é dado constantemente, sem que precise se quer, estar só, pois, nem toda multidão faz-se presente mesmo ao meu redor.
Os pensamentos vão longe. Chego me desperceber à vida. Não estou presente onde pareço estar.
Então chego mais longe até do que gostaria chegar. Sinto o corpo correr pela mente. E já me satisfaz. Posso sentir até o vento forte. E caio em outros mundos. Talvez à procura do que não achar. Todo resto, já achei. Penso no porque, e parece não haver.
Chego a dançar. Rodo mais forte a cada emoção. Vejo-me bailando entre toda a imaginação. Um bailar flutuante. Me levo a sentimentos inventados. Visito os antigos lugares que costumava “frequentar”. Revejo pessoas já guardadas há algum tempo. E tudo é como desejei.
Estou simplesmente sentada no desconforto.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

É ISSOO



Abre as pernas pra Vida!!!
Ponto

MELCIH


Te danço, balanço, te vejo a meu modo.
Te namoro sem que você saiba.
Te acompanho.
Te procuro, te acho.
Sem que você saiba.

Te imagino.
Te sigo, te procuro, te perco, me perco.
Sem que você saiba
E trato de fazer tudo com beleza. Sem a melancolia da ridícula situação cruel.
Da incapacidade, fragilidade ou cegueira de meus sentidos a te procurar sem ir atrás.
A te procurar, sem procurar a ti.
E faço com que tudo pareça muito mais bonito, muito mais proposital.

Incrível?

“CRÍVEL”, ao menos no meu mundo, no mundo que te criei, idolatrei e sonhei.
Não me arrependo.
Foda-se! Tudo posso naquilo que desejo.
Acontecerá?
Sei lá, eu desejo.
Eu quero. Se é possível não me importa, importa-me apenas o querer.

Eu vejo você de uma forma que só eu vejo, você não me vê, você não “me” sabe.
Eu não “te” existo, portanto você é fruto de minha imaginação, apesar de já existir.
Você é fruto do que criei e não do que é.
Portanto você é meu desse jeito. Não no sentido de te possuir, no sentido de ser o que eu desejo que seja. Do modo que imagino ser.

Tua voz toca em meus ouvidos e você nem imagina
Tua imagem me aparece e você nem faz idéia.
Teus gestos, a maneira como fala querendo discursar. A maneira como te interpreto.
A inspiração, que me inspira, quando inspiro e vai pra fora.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Não há trocadilhos que me façam ocultar sua identidade.
Hoje, mais uma vez te vi de perto. E sofri a angústia antecipada do possível reencontro.

Tudo tão passageiro nessa vida.

Não consigo esquecer. E talvez eu ainda não queira, da maneira certa
Existe maneira certa?
Não sei.

Sei que hoje simplesmente aguardo.
Sei que não há muito que eu possa fazer.
Então simplesmente espero.
Espero que esse sentimento saia todo de mim.
Posso contar as vezes em que me distraí, esquecendo-me de lembrá-lo.

Não há o que fazer.
A não ser esperar.
Esperar que a qualquer hora, qualquer sentimento arrebatador mude todo o rumo.
Quebre aos pedaços as dúvidas.
Ou que eu realmente atinja o prazer pelas coisas simples.

Sonho quase todos os dias.
Penso a todo momento.
Às vezes parece quase impossível que o pensamento deixe-me em paz.


Nem posso dizê-lo à você.
Fico apenas a espera que abandone meus pensamentos.

domingo, 28 de novembro de 2010

PALAVRAS


O ponto fica piscando à espera.
E parece que as mil idéias sumiram.
Fecho. E de repente surge, vai saindo, surgindo se arrastando se erguendo.
Aderi a tantas coisas.
Ao foda-se.
Ao nada.
Ao tudo.
Arte.
Desânimo.
Ânimo.
Roupas velhas.
Amores platônicos.
Pessoas.
Nas ruas, na mente, distantes.

Hoje lembrei do que dá saudade.
O que faz falta.
E o que deixou de ter importância.

Tive saudade.
Mas não me faz mais falta.
Não sinto mais falta daquelas pessoas.
Sinto saudade.
Sinto falta, talvez daquele clima.
Daquela vontade.
Bons tempos.

Novos tempos.
Novas sensações.
Novas saudades.

Mais uma vez nostalgia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

19 ANOS SEM Freddie


Um ícone
Uma da mais belas e sensacionais vozes que esse mundo já viu!
Uma criatividade deslumbrante.
Uma sonoridade envolvente.
Surpreendente
Há 19 anos perdíamos um dos maiores homens da música. Perdíamos um gênio, um símbolo, ou um simples mortal que nos deixou sua grande Obra.
Uma explosão no palco.
Freddie encontrou na música uma maneira de se expressar, e nós saímos ganhando!

Não me foi possível viver a época gloriosa em que vc esteve nessa Terra, mas o legado é muito maior que qualquer vida possa ser.

Só tenho a agradecê-lo onde estiver por tudo!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ONTLE


É de repente!
Os pensamentos voltam àquele instante de glória que vivemos.
Que EU vivi.
Não consigo acreditar que não tinha um porque, ou que talvez não tenha sentido algum.
Procuro pelo sentido.

Talvez não haja.

Instantes inconstantes de querer todo aquele futuro criado, imaginado, planejado.

A espera de que?

De que o mundo desse mil voltas ao mesmo tempo e me fizesse "cair" noutra realidade?
De que eu nem fosse mais eu mesma.
Da vontade de sair de mim e grudar num futuro inexistente de desejos e suposições e composições distantes.

Vontade de cair na vida sem destino, de verdade.
De me jogar junto a você, a isso tudo. A todo esse medo e esse desconhecido que você transmitia.

Quis não ser eu mesma. Não estar onde estava. Não pensar nos outros.
Quis calar e sufocar a voz da consciência.
Quis buscar a certeza de que tudo não passa de ilusão e simplicidade.
Quis essa idéia de liberdade.

Volto àqueles instantes, que ficam cada vez mais distantes.
Não quero me permitir esquecer a voz, os cabelos, os óculos e as luvas.
Não quero me permitir deixar de ainda desejar tudo isso.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Abre os olhos e vê o SOL



Passei muito tempo trancada, buscando o que acreditava estar por dentro.
Até que um dia abri a porta e percebi o sol.
Percebi que lá fora o dia brilhava forte.
Que os olhos ofuscavam e ardiam ao tentar abrir.
E apesar de tudo era a sensação de vida.
O vento que percorria o corpo era estar viva.

E percebi que tentar ficar olhando pra dentro ou pra fora não adianta de nada.
Ver não existe.
Existe SENTIR.

E deixei-me sentir toda sensação que pudesse percorrer o meu corpo.
Deixei que os olhos ardessem, que o frio me encolhesse, que o sol me aquecesse, que o vento uivasse nos meus ouvidos.
E pude confirmar: ESTOU VIVA!

E toda filosofia da vida voou com o vento, ignorando toda complexidade da existência.

O Sol trouxe a resposta na simplicidade da sua luz, que não deixa de ser complexa, mas que não pede tanta explicação, que explica no seu sentir, que apaga toda e qualquer idealização de vida e mostra o viver na sua sensação mais pura e viva.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

EQUILÍBRIO


Procurando manter-me firme de ponta a ponta.
segura no balançar de um lado a outro.
firme no passo seguinte.
procurando encaixar bem os dedos do pé,a ponta, o calcanhar,a planta.
procurando deixar que o vento balance esse equilíbrio que não pode ser perfeito.
E agora deixando que caia pra qualquer lado, desde que eu perceba e retome.
OU Não

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A vida- Enjoar-se


O enjôo da vida.

De viver numa agonia cansada
De agoniar-se sem motivo
Como a queimação de estômago
Involuntária.
Que aos poucos vai se transformando na ânsia de ser e estar.

Poder vomitar essa agonia sem que me perturbem.
Vomitar aos gritos. Aos quatro cantos do mundo.
Vomitar o grito da liberdade.

Gritar a dor.
Liberar a inquietação.
Chorar as inquietudes.
Afogar o desespero.
Inundar os sentidos.
Aflorar o sentir.
Perceber tempo.

Cansar.
Das perguntas, das respostas, da comunicação.
Cansei.
Dos conselhos, dos bons atos, dos bons costumes.
Do agüentar.
Do suportar.
Eu não preciso. Eu não suporto.
Cansei da compreensão.

Cansei de estar cansada e nada fazer por isto.

O enjôo dessa mesmice.
Esse mal estar descontrolado.
Esse medo do descontrole.

Liberta-me hoje.
Liberta-me do pensar no amanhã.
Liberta-me do conformismo.
Da angústia.
Do destino.


A vida não pára.
A vida é um barco que as vezes rema lentamente e provoca o enjôo do seu mar.

sábado, 21 de agosto de 2010

N O T L E


Você vai.
E talvez eu jamais reveja.
Porque o desejo nem sempre se mistura com o impulso?
Chegar tão perto. Estar exatamente ali. E ter de esquecer.

Eu não esquecerei.

Não esquecerei o simples olhar. O timbre da voz. A vontade reprimida de tocar.
O desespero contido de querer manter-te comigo.

É como aqueles momentos que a gente não vive de novo, nem chega perto de viver.
Aqueles momentos dos quais a gente leva lembrança.
Dos quais a gente pára pra pensar de vez em quando o resto da vida. E pensa pelo resto da vida o que poderia ter acontecido se o tempo voltasse, ou se teremos a chance saber o que houve depois.
É o tipo de coisa que quando dói na saudade de lembrar, preferimos pensar que foi assim porque tinha de ser. Mas que mesmo pensando assim, jamais nos conformamos.

A partir daqui, terei essa angústia sempre comigo. Levarei as poucas palavras e a curiosidade de saber no que deu.

A tristeza de pensar o que seria.

É um inconformismo acostumado. Uma simplicidade em dizer que tudo fica bem depois. Que passa.
Cansei de “passar”, de deixar passar.
Sinto-me de mãos atadas.

Derrotada.

Você vai. Nada posso fazer.

Talvez reste apenas a força do pensamento, que acredito de alguma maneira ser possível de trazê-lo pra perto. Nem que seja apenas, no pensamento.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Por aí


Me perdi.
E talvez o mais estranho de tudo seja que não sei se preciso me achar.
Talvez nunca tenha de fato me encontrado. Ou o caminho seja perder-me.
De repente as peças se embaralharam. E não procurei ainda colocá-las no lugar.
Procurei novas formas.
Formas que não se encaixam. E descobri que nem sempre irão se encaixar.
Na verdade, se compõe de peças soltas, que podem não se juntar, mas compartilham de um mesmo espaço.
Me perdi e agora creio que seja necessário estar solta por aí, entre as peças soltas e os espaços pra preencher.
Perdida, procuro não me proteger. Não me escondo, porque não me percebo.
Talvez não seja tão mal esquecer um pouco de mim.
Não há muito o que fazer. O que pensar.
Então, deixo-me ir.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Agenor de Miranda Araújo Neto- Cazuza- Caju




“O amor é o ridículo da vida,
A gente procura nele uma pureza impossível
Uma pureza que está sempre se pondo, indo embora.
A vida veio e me levou com ela
Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue
Bonita e breve como borboletas que só vivem 24 horas
Morrer não dói”

Duas décadas.
Eu sequer havia nascido quando você já tinha partido.
E pensar que tua “poesia” pôde me fazer “chegar até você”.
E o que você deixou, permitiu que eu me aproximasse de tuas idéias, tua música, tuas letras, e talvez um pouco de seus pensamentos. Admirar alguém que não conheci pessoalmente, mas que tive imenso prazer de conhecer através de outras maneiras.
Há 20 anos perdíamos um homem incrível. Uma pessoa de coragem e um alguém sem pudor o bastante pra dizer e fazer tudo que lhe parecesse prazeroso, divertido, fantástico. Tudo que fosse fora do normal o bastante pra não se sentir “correto”. Pra sentir-se livre.

“O tempo não para e a gente ainda passa correndo.”
O tempo não para. Nunca para. E talvez se parasse não apreciaríamos tanto os momentos únicos dos quais só podemos relembrar depois.
O tempo não para. E por isso nos obriga a viver.


20 anos após você ainda está aqui. Não em corpo presente. Mas todos nós partimos. Só que você deixou sua arte conosco e isso é imortal.
Homenagens talvez não sejam o bastante. Mas são a forma que encontramos de demonstrar o que apreciamos. Essa é a minha pra você, onde quer que esteja agora.
Saiba que é acima de tudo minha forma de admiração de tudo que você foi.

O doido, o rebelde, o poeta de sua geração. Títulos não importam. O que importa é o que ele foi, o que ele deixou.
Um dia quis ser reconhecido pelo seu trabalho, pois alcançou isso com glória.
Julgá-lo? Não caberia a mim ou a qualquer outra pessoa.
Não passou por esse mundo pra isso. Bastou ter sido o Cazuza.

Obrigada por ter sido quem você foi. Com tudo e do jeito que foi. Não teria como ser melhor ou pior. Senão, não teria sido Cazuza!

terça-feira, 29 de junho de 2010

É O Sentir. Ou a falta dele


Eu. Cansada dessa inconstância que é a felicidade.
Eu quero amar.
Ir além do que sou de costume. Ultrapassar as barreiras que me foram impostas (por eu própria).
Quero minha liberdade. Quero amar insaciavelmente.
Quero o gostar verdadeiro, e não esse gostar disfarçado de amor, que inventei pra não me sentir tão sozinha. Pra me sentir amada.
Estou farta do amor banalizado. Taxado de amor verdadeiro. Esse amor repentino, desesperado de querer afeto. Esse medo de não ter amor, de não ser amado.
Quero o amor verdadeiro. O amor que ensina e o amor que desconstrói.
Quero a inconstância de amar e ser amada, e não a certeza de estar sendo correspondida.
Quero um refúgio que me desconecte de toda razão que possuo.
Quero a loucura de exagerar nas pequenas coisas.
O medo e o desespero da incerteza.
Quero me entregar sem garantia alguma.

Desaguar essa mágoa mal guardada. Meio solta por aí.
Vai ficando aos pedaços pelo caminho.
Vai caminhando comigo.
Vai livrando-se de mim pouco a pouco. Mas não me deixa em paz.
Por pra fora essa náusea que me atormenta. Essa angústia mofada de querer solução.
Soluções inexistentes.
Essa ânsia que atropela tudo. Que me faz estar sempre antecipada.
Um entrelaçamento imenso de pensamentos, causas, confusões.

Porque sinto falta.
Falta do querer desesperado.
Do esperar agoniado.
Do acontecer inesperado.
Do precisar sem precisar.
Sinto falta. Falta do inusitado.
Sim, falta de tudo que de mais doce existia pra saciar meu paladar amargo.
Tudo de mais aconchegante que costumava sentir quando me sentia fora de mim, e que agora procuro incessantemente.
Não sinto mais. Sinto hoje o estranhamento. O desespero de estar tão desconfortavelmente solta. Deslocada.
Sinto falta do exagero sem precisão. Das noites em claro com mil porquês, mil dúvidas. Mil soluções. Inventando mil motivos se fosse preciso.
Falta da perplexidade com que olhava pra mim mesma, indignada com tamanha loucura. Loucura nada fora do normal.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

OS oLhOs


Pôs-se a olhar-me pelos cantos dos olhos. Assim como fitava o ser à minha frente. Ser de extrema brancura e doçura como poderia assim ser o meu também. E envergonhou-se ao cruzar com meus olhos diretamente voltados à sua postura ereta que tentava assim, inutilmente disfarçar seu interesse.
E volto à figura à minha frente. Tão pálida, tranqüila. Expressava por seu pequeno gesto de um começo de sorriso toda sua inocência e serenidade que aqueles olhos pareciam procurar sem muito sucesso por onde expressá-los.
Olhou-me então diretamente nos olhos. Eu jamais poderia compreender as palavras que me foram ditas. Pois a boca trouxe ainda mais encantamento para os meus olhos que já não sabiam mais disfarçar.
A delicada textura de sua pele claríssima ornava perfeitamente com seus gestos pequenos, sutis, que complementavam todo o seu ar de pureza.
Os primeiros olhos que se dirigiram à mim já haviam partido, sumiram em meio à confusão, à minha distração causada pelo ser fascinante que me tirava toda atenção do que estava ao redor.
Aqueles olhos, então, perderam-se. Mas a intensa forma com que me olharam fez com que eu jamais seja capaz de esquecê-los.
A brancura do outro ser chamou-me atenção. Mas deixou-me mais o pensamento do como poderíamos ser incomuns. Do quanto eu já tinha talvez “sido” aquele ser. De forma que não voltaria jamais a ser.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ficou...


Ficou surda, cega, muda, intacta.
Não tinha mais o mesmo gosto. Deixou pra trás.
Sentia medo de tudo que parecia tão inovador, desconhecido.
Foi mergulhar em águas escuras de onde não se vê o fim.
Toda a sensação de conforto e segurança escoou, como água por debaixo da porta.
De repente as coisas foram acontecendo e nem se deu conta de nada. Podia tudo passar por ela que nem veria.
Viu somente depois, quando já havia perdido o rumo, e aí sentiu-se perdida. Tão perdida que certas coisas já nem faziam mais sentido.
Desejou abandonar tudo e todos.
Desejou fugir.
Desejou esconder-se.
Mas não havia como se esconder de si mesma.
Sentia-se sozinha. Estava desamparada. De repente quando se deu conta tudo parecia ter fugido do controle. Mas não de uma forma boa, de quando a gente se perde sem rumo pra tentar se descobrir, mas as coisas pareciam deformes, caminhando pro lado contrário do que desejava.
Lembrou de sensações do passado. Coisas que lhe traziam familiaridade. Não sentia-se bem. Não sentia-se infeliz, mas triste, um tanto insatisfeita.
Sentia falta de enlouquecer-se de pensamentos e discussões sobre suas maluquices e confusões.
Precisava de algo maior do que tudo que podia alcançar. De certos motivos que há muito tempo não tinha.
Parecia não pertencer a lugar algum, não possuir um destino ou qualquer coisa que o valha. Era como se nada mais fizesse um real sentido. Como se não se reconhecesse mais nos seus atos, sentimentos e confusões.
E a vontade era, talvez, simplesmente de sair correndo. Correndo pra tão longe que não pudesse mais encontrar nada que tivesse deixado pra trás.
Não via mais pessoas das quais sentia saudade. Não via nas próprias pessoas que conhecia aquelas pessoas que um dia elas foram. Sentia saudade. Simplesmente saudade. Saudade de tudo aquilo que um dia tinha sido. Saudade de sentir.
Agora tudo era tão conturbado que não parava mais pra ouvir a beleza da vida. Não parava pra enxergar o que de tão bonito tinha ao redor. E às vezes não reagia mais.
Muitas vezes deixou-se vencer pelo cansaço e ficou por isso mesmo.
E saber de tudo isso é o que a deixava pior.
Mas por alguns momentos preferiu ficar assim, intacta. Imóvel.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Logo


Logo ele volta pro seu devaneio de todo dia.
Não importa quem. Apenas ter alguém.
Alguém pros seus delírios, pro seu show particular. Alguém que o observe e faça platéia.
Alguém a quem ele possa despachar o seu íntimo vulgar. A sua solidão desconfortada.
O seu desejo de fuga transtornado.
Deixa-se levar por qualquer que o faça sentir-se o centro. Por qualquer um que o tente desfazê-lo, sabendo que não quer transformar.
Desgoverna-se então por um pouco que seja. Pra no final voltar a sua procura e o seu estado de sempre.
Gosta de situações. Gosta de possuir, mas não de ter realmente. Jamais de sentir.
E logo voltamos pro mesmo lugar. Ao mesmo ponto zero, que não necessariamente, é o ponto de partida.
Tudo volta a si, mesmo quando é diferente. Mesmo com outro ambiente, outro lugar, outras pessoas.
O ser ainda é o mesmo.

Voltamos ao prazer minúsculo do ser. A satisfação de si próprio. Ao seu mundinho particular. O seu gosto por se fazer de outra pessoa. Sua máscara que esconde a feiúra e a beleza de seu espírito, e o medo daquele menino que não soube crescer.

sábado, 1 de maio de 2010


Rodopiou. Rodopiou-se ao vento, ao ritmo lento de quem quer cair nos ares. Deixou-se levar pelo que arrasta. Seus pés lentos ao som da música. Da sua música. A brisa e o leve toque. O toque suave.
O toque da música, do vento, do tempo.
O toque da pele.
O embalar dançante. O sonhar constante. O viver o bastante, o sorriso estonteante. O Flash marcante.
Momentos. Pedaços de vida. Todos, jogados pro ar. Não como se pudessem ser apagados, mas como se fossem apenas lembranças. Coisas das quais não viveu.
E o forte vento podia soprá-las no meu ouvido.
Enquanto continuava a rodopiar. A calar qualquer outra reação que não fosse o deslumbramento diante de tamanha beleza.
Eram luzes mais radiantes. Era um contentamento sem explicação. Era encanto. Paixão. Paixão do ser, do estar, do fazer.
Rodopia, embala. Me inspira a ser o que sou. Me chama pra ser o que eu sei que já não sou há muito tempo.
Traz aquele algo mais que não se acha quando se procura. Aquilo que faz-me sentir o que sei que não se pode explicar.
Mostra aquilo tudo que eu sei que você sabe que eu sinto.
Pára. Sente. Sente como se sente, como me sinto, como se mostra esse ser, essa vida toda.
Voa alto. Agora pode, pode tudo. Voa lento, voa no embalo do sentir.
Voa no rodopiar incansável de tua natureza. No envolver do teu brilho que não segue o destino.
Faz-me perder a noção daquilo que mais me apavora e me causa maior prazer de sentir.
Mas me trás aquela sensação de novo, me trás aquele sentido que não encontro se procurar pela razão.

domingo, 21 de março de 2010

BOB


Sinto falta de ao chegar ter você esperando por mim. Falta de olhar nos seus olhinhos misteriosos, pedintes de carinho.

Você ainda não se foi. E sei que nunca irá completamente. Sua presença ainda é tão grande que não parece que se foi. Quando algo me lembra você eu penso em correr pra ver como você está e aí me lembro que não está mais aqui. Me dá um aperto no peito e tenho vontade de abraçá-lo. Acho que é o que mais me dói. Não poder tocá-lo. Não ouvir você chorar. Ou latir tão alto, desesperado pra que eu vá te buscar e ficar com você.

Nos dias de chuva eu acordo pensando em tirá-lo da chuva.

Eu lembro de você todos os dias.

Às vezes eu até ouço você bocejar. Como você bocejava alto, parecia que um dia você ia até falar. Parecia até que dizia meu nome. Ainda ouço você chorar. Ainda sinto o seu cheirinho.

E quando vejo seu lugar sozinho. Quando abro a porta e você não vem correndo eu ainda acho estranho.

Eu ainda sinto a sua presença nos lugares onde você costumava ficar. Quando fecho os olhos procuro ter de novo a sensação de tê-lo nos meus braços.

Sua última noite não me sái nunca da cabeça. Sua imagem no final também não. E todas as coisas que eu te disse naquele dia.

Relembrei dos seus primeiros dias. De quando você era bem novinho, de quando chegou aqui.

E praticamente tudo me faz lembrar. No café da manhã, quando eu levava os miolos pra você. Quando te dava carne ou frango que costumam sobrar até hoje. Seus brinquedos. Quando separava uma roupa pensando que você pudesse sentir frio. Quando te dava banho, e você tremia de tanto medo.

E inevitavelmente sempre haverá dentro de mim pensamentos de como poderia ter sido diferente. Mas isso não adianta. Foi como tinha de ser. E eu amei cada momento

Eu te amo meu bebê, e só você foi capaz de saber disso, ou melhor,de saber o quanto e de sentir.

Você me deu muita alegria e sempre vai estar comigo!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dessa vez...

Aproveitando o silêncio.
Horas difíceis de se ter consigo mesmo.
É aquela velha vontade de sumir.
As coisas não são realmente mais as mesmas.
A vida não tem mais toda aquela graça de uns anos atrás, quando tudo era tentação pra se viver.

O tempo é inconstante. Parece passar depressa demais não nos dando tempo pra viver . E lento demais, deixando sobrar tempo para o tédio.

Custei a perceber que dessa vez não foi simplesmente a mudança que veio, mas a transformação.
Dessa vez, as coisas não voltaram para o lugar no final. Nem o final chegou.
Não houve resposta aos novos estímulos. Ou certezas do que já fora vivido.
As mesmas falhas não trouxeram as mesmas consequências dessa vez.

O viver não é mais o mesmo viver.
E a maneira como tudo passa já não se baseia mais nos antigos "exemplos" do passar.

Hoje o vento buscou um percurso diferente.
Hoje ventou onde (o vento) nem conseguia circular mais.
Hoje a chuva não parou. Quis impedir qualquer possível ação.

As tentações de hoje não passam de simples tentações.
A graça de hoje já perdeu a graça.

Dessa vez parece ter vindo pra ficar ( Por quanto tempo?).
Parece nem haver mais percepção do belo, do simples, do novo.

Agora parece que realmente ficou pra trás.
Ficou pra trás aquela certeza do fim.
Aquela certeza de que tudo tem o seu lugar.
De que tudo encontra e segue seu caminho.

Agora. Aproveitando o barulho. Porque o silêncio já fica difícil.
O barulho do silêncio já impede o próprio silêncio de trazer o silêncio.
Então, as cosias saem já do lugar e parecem não retornar mais.
As respostas já não fazem mais tanto efeito quanto as perguntas.
As certezas já não satisfazem mais. Dão maior lugar às duvidas.

E ainda aquela vontade de partir.
De repente tudo vai embora. Na verdade já foi há muito tempo. Tempo demais pra que lembrássemos que já se foi.

Versinho

Já chorei dormindo
Já acordei chorando
Já chorei em sonho
E ao mesmo tempo chorava de verdade!