segunda-feira, 26 de julho de 2010

Por aí


Me perdi.
E talvez o mais estranho de tudo seja que não sei se preciso me achar.
Talvez nunca tenha de fato me encontrado. Ou o caminho seja perder-me.
De repente as peças se embaralharam. E não procurei ainda colocá-las no lugar.
Procurei novas formas.
Formas que não se encaixam. E descobri que nem sempre irão se encaixar.
Na verdade, se compõe de peças soltas, que podem não se juntar, mas compartilham de um mesmo espaço.
Me perdi e agora creio que seja necessário estar solta por aí, entre as peças soltas e os espaços pra preencher.
Perdida, procuro não me proteger. Não me escondo, porque não me percebo.
Talvez não seja tão mal esquecer um pouco de mim.
Não há muito o que fazer. O que pensar.
Então, deixo-me ir.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Agenor de Miranda Araújo Neto- Cazuza- Caju




“O amor é o ridículo da vida,
A gente procura nele uma pureza impossível
Uma pureza que está sempre se pondo, indo embora.
A vida veio e me levou com ela
Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue
Bonita e breve como borboletas que só vivem 24 horas
Morrer não dói”

Duas décadas.
Eu sequer havia nascido quando você já tinha partido.
E pensar que tua “poesia” pôde me fazer “chegar até você”.
E o que você deixou, permitiu que eu me aproximasse de tuas idéias, tua música, tuas letras, e talvez um pouco de seus pensamentos. Admirar alguém que não conheci pessoalmente, mas que tive imenso prazer de conhecer através de outras maneiras.
Há 20 anos perdíamos um homem incrível. Uma pessoa de coragem e um alguém sem pudor o bastante pra dizer e fazer tudo que lhe parecesse prazeroso, divertido, fantástico. Tudo que fosse fora do normal o bastante pra não se sentir “correto”. Pra sentir-se livre.

“O tempo não para e a gente ainda passa correndo.”
O tempo não para. Nunca para. E talvez se parasse não apreciaríamos tanto os momentos únicos dos quais só podemos relembrar depois.
O tempo não para. E por isso nos obriga a viver.


20 anos após você ainda está aqui. Não em corpo presente. Mas todos nós partimos. Só que você deixou sua arte conosco e isso é imortal.
Homenagens talvez não sejam o bastante. Mas são a forma que encontramos de demonstrar o que apreciamos. Essa é a minha pra você, onde quer que esteja agora.
Saiba que é acima de tudo minha forma de admiração de tudo que você foi.

O doido, o rebelde, o poeta de sua geração. Títulos não importam. O que importa é o que ele foi, o que ele deixou.
Um dia quis ser reconhecido pelo seu trabalho, pois alcançou isso com glória.
Julgá-lo? Não caberia a mim ou a qualquer outra pessoa.
Não passou por esse mundo pra isso. Bastou ter sido o Cazuza.

Obrigada por ter sido quem você foi. Com tudo e do jeito que foi. Não teria como ser melhor ou pior. Senão, não teria sido Cazuza!