quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dessa vez...

Aproveitando o silêncio.
Horas difíceis de se ter consigo mesmo.
É aquela velha vontade de sumir.
As coisas não são realmente mais as mesmas.
A vida não tem mais toda aquela graça de uns anos atrás, quando tudo era tentação pra se viver.

O tempo é inconstante. Parece passar depressa demais não nos dando tempo pra viver . E lento demais, deixando sobrar tempo para o tédio.

Custei a perceber que dessa vez não foi simplesmente a mudança que veio, mas a transformação.
Dessa vez, as coisas não voltaram para o lugar no final. Nem o final chegou.
Não houve resposta aos novos estímulos. Ou certezas do que já fora vivido.
As mesmas falhas não trouxeram as mesmas consequências dessa vez.

O viver não é mais o mesmo viver.
E a maneira como tudo passa já não se baseia mais nos antigos "exemplos" do passar.

Hoje o vento buscou um percurso diferente.
Hoje ventou onde (o vento) nem conseguia circular mais.
Hoje a chuva não parou. Quis impedir qualquer possível ação.

As tentações de hoje não passam de simples tentações.
A graça de hoje já perdeu a graça.

Dessa vez parece ter vindo pra ficar ( Por quanto tempo?).
Parece nem haver mais percepção do belo, do simples, do novo.

Agora parece que realmente ficou pra trás.
Ficou pra trás aquela certeza do fim.
Aquela certeza de que tudo tem o seu lugar.
De que tudo encontra e segue seu caminho.

Agora. Aproveitando o barulho. Porque o silêncio já fica difícil.
O barulho do silêncio já impede o próprio silêncio de trazer o silêncio.
Então, as cosias saem já do lugar e parecem não retornar mais.
As respostas já não fazem mais tanto efeito quanto as perguntas.
As certezas já não satisfazem mais. Dão maior lugar às duvidas.

E ainda aquela vontade de partir.
De repente tudo vai embora. Na verdade já foi há muito tempo. Tempo demais pra que lembrássemos que já se foi.

Versinho

Já chorei dormindo
Já acordei chorando
Já chorei em sonho
E ao mesmo tempo chorava de verdade!