sexta-feira, 30 de maio de 2008

A solução

Achei que se fugisse, talvez pudesse encontrar o que me faltava. Peguei minhas coisas, poucas coisas, quase nada, e parti. Sem rumo, sem objetivos concretos, apenas com coragem e um tanto de medo.
Mas de nada adiantou. Estou vivendo sem ideologia, não tenho para onde ir, o que buscar, não estou feliz. Vivo de tristezas, querendo voltar, mas sempre seguindo adiante. Porque sei também que voltar não adianta, seria ainda pior.
Busco lugares para conhecer, descobertas para fazer, objetivos. Faço planos e sigo-os. Mas de nada adianta.
Cheguei até aqui, e percebi que não precisava ter chegado. Cheguei até aqui e descobri que não havia nada. Que não há para onde fugir, ao que recorrer. Que não há nada de diferente, além de novas paisagens. Pois, por dentro ainda é igual.
Vi que o problema não são os outros, mas eu, não são os lugares, mas estar neles, não é ser triste, mas contemplar a tristeza. E a solução não é fugir, se esconder. A solução... Bem, eu ainda não achei.

domingo, 18 de maio de 2008

Medo?

ÀS VEZES O MEDO ERA MAIOR DO QUE AQUELE VELHO DESEJO DE SUMIR, DE SAIR DALI, DE MUDAR-SE SEMPRE, DE NUNCA MAIS PARAR.
UM DESEJO QUE NÃO SE RECORDAVA QUANDO TIVERA PELA PRIMEIRA VEZ. TALVEZ JÁ TIVESSE NASCIDO COM ELE. DE VEZ EM QUANDO VINHA FORTE, TINHA VONTADE DE PARAR, LAGAR TUDO E ENTREGAR-SE À ELE. SONHAVA COM ISSO MUITO, ÀS VEZES VINHA O MEDO ATRAPALHAR, MAS SABIA QUE NÃO DESISTIRIA DAQUELE DESEJO, POIS A VIDA ERA SUA ÚNICA CHANCE DE REALIZÁ-LO, NÃO SABERIA O QUE VIRIA DEPOIS.


MEDO? MEDO? ERA MEDO MESMO? OU SERIA CONFORMISMO, COMODISMO?
NA VERDADE ERA DESISTÊNCIA. SEGUIR O "MELHOR CAMINHO". AQUELE CAMINHO MAIS SEGURO, MAIS CORRETO. PORQUE LARGAR TUDO, VIVER DIFERENTE DOS OUTROS, QUERER ALGO MAIS, ERA SEMPRE BESTEIRA PROS OUTROS. O TEMPO PASSA E VOCÊ DEIXA PRA LÁ. AGE "RACIONALMENTE" E QUER SIMPLESMENTE TER UMA VIDA NORMAL. ESQUECE DAQUELA VONTADE DE MUDAR O MUNDO, DE VIVER REALMENTE, E PASSA A SE PREOCUPAR APENAS COM AS CONTAS QUE TEM PRA PAGAR. SE ESQUECE DE QUE NÃO EXISTE RACIONALIDADE, DE QUE A VIDA É AQUI E AGORA, QUE PODE NÃO HAVER MAIS CHANCES, ESQUECE QUE UM DIA VOCÊ MORRE. E SE ACOMODA, SE CONFORMA. OU ENTÃO, LAMENTA-SE PRO RESTO DA VIDA, CHORA ESCONDIDO, FAZ ANÁLISE...PRA QUÊ? PRA TENTAR SUPERAR... SUPERAR O INSUPERÁVEL.
TALVEZ TENHA APENAS QUE SE DEIXAR LEVAR. TALVEZ, PRECISE CORRER ATRÁS. NADA É CERTO, NADA MESMO. ALIÁS A PRÓPRIA VIDA É UM MISTÉRIO.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

MEU BEM

Oi,
Quero primeiro perdi-lhe que me escute, me escute com o coração, e acredite que estou sendo sincera.
Não tem porque ficar dando rodeios então começarei logo.
Eu sinto muito por tudo, você pode até dizer que não é nada, que tudo continua como antes, mas só dirá, porque sabe que não é mais como antes, sabe que tomamos rumos diferentes, e não sabe o quanto lamento por isso. Não te desprezo de maneira nenhuma, mas sinto saudades daquela pessoa que você era antes.
Sei que muitas vezes também te magoei, ou vacilei, e sinto muito por tudo de verdade. Sei que esse é seu “novo jeito” e saiba que o que sempre importará pra mim é sua felicidade, mas se hoje te digo isso, não é porque sei mais que você ou porque me acho mais madura. Afinal o que é maturidade? Mas digo porque me preoculpo ainda contigo, porque sinto falta daquele tempo bom em que éramos pura proximidade.
Você pode não estar me entendendo, achar que também mudei, e pra falar a verdade mudei mesmo. Mas tu não sabes quanto dói meu coração ao te ver de longe. Ao ver tuas fotos e teu jeito de se proteger da vida. Sim, se proteger porque nós não fazemos nada além disso, nos proteger como podemos do mundo em que vivemos. Às vezes jogamos tudo pro alto e vivemos diferente de tudo, mesmo com críticas, mas às vezes achamos mais fácil nos render à vida, não somente para sentir-se aceita nela, mas porque é a maneira mais fácil e de conviver, a maneira que achamos de tranqüilizar nossas mentes e nosso coração, deixamos de nos revoltar e querer mudar o mundo e passamos a almejar somente a nossa felicidade.
Não digo que é fácil, mas essa segunda opção é sempre a mais escolhida, mas parte meu coração.
Não estou te julgando, não sei o que se passa hoje na tua cabeça. Não convivo mais contigo, mas parte-me o coração saber que o que tínhamos acabou. Você sabe que acabou, porque não é mais como era nem será. Pode pensar que eu estou louca, dizendo bobagens, ou melancólica demais, como nas muitas vezes que desabafei e chorei no teu ombro, e peço desculpas por ter te perturbado com minhas tristezas, mas você era o meu refúgio naqueles momentos. Você era a pessoa pra quem eu corria, mas aos poucos isso foi deixando de existir. Não te culpo, nunca quis que fosse apenas alguém pra me ouvir, mas você me faz falta, e sei que isso eu não recupero mais. Porém, saiba que naqueles momentos foi a melhor pessoa pra mim, daqueles momentos foi a única e isso que levarei comigo quando lembrar de ti.
Hoje choro ao lembrar da ilusão que tinha de tudo ser pra sempre. Hoje não penso em mais nada como “pra sempre”, não acredito em amores eternamente vividos, mas acredito em lembranças eternas e você será uma delas pra mim.
Porque estou te dizendo tudo isso? Talvez porque não agüento mais, porque explodiria se guardasse mais um pouco. Não sei se entenderá. Se gostará de ouvir, se chorará, se não ligará para tudo isso. Só gostaria que entendesse, que compreendesse toda minha dor. Que não pensasse que estou precisando de ajuda psicológica, ou qualquer coisa do tipo. Estou em plena sanidade mental, meu raciocínio está melhor que nunca, porque hoje eu enxergo mais que antes. Eu vejo como é a realidade, mas isso é outra história.
Entenda que não quero te criticar de maneira nenhuma, não sou ninguém para fazer isso, só quero que saiba da realidade que se passa em meu coração.
Saiba que nada disso foi fácil de dizer, mas era preciso.
Desejo-lhe felicidade, peço-lhe perdão por toda mágoa,e desculpas por te incomodar mais uma vez.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pétalas esquecidas

-Quero ficar sozinha. Não quero ver ninguém.

-Não faça isso Guilhermina, abra essa porta!

-Me deixem em paz.

-Não adianta Pedro, ela não vai sair desse quarto tão cedo.

-Mas ela não pode ficar assim. Trancada, sem querer comer, sem falar com ninguém

-Ela está muito balada por tudo que aconteceu. Só precisa de um tempo .

-Mas Ana, ela já devia ter superado isso.

-Não se supera uma coisa dessas. Mas eu sei o porque da sua preoculpação. Você acha que ela seria capaz de...

-Você sabe que ela já tentou uma vez e seria capza de tentar de novo.

-Você acha mesmo?

-Acho sim Ana. Principalmente depois de tudo que aconteceu.

Aquela imagem de Fabrício não saía da sua cabeça. " Ah... Fabrício porque você fez isso? Nem ao menos me contou. Eu teria ido junto com você". Já não se sentia mais feliz, o único amigo que tinha naquele momento, que amava de verdade acabou com tudo. Bastou uma bala só. Na cabeça. Foi fatal. Logo ele que havia ajudado ela quando tentou tomar aqueles comprimidos. Que alertou-a tanto, que disse aquelas palavras sobre como a vida era bela. Agora ela não via mais razões na vida. Logo ele, que aprecia tão alegre. Parecia. E porque foi fazer aquilo logo naquele lugar? Justo no lugar onde se encontravam escondidos quando não queriam ser vistos, quando queriam fugir do mundo, onde trocavam carinhos, faziam confidências, onde desabafavam. Nada mais aprecia fazer sentido.
Seu rosto já estava vermelho demais, inchado, de tanto chorar. Não parava de pensar. Foi a primeira a ver a cena. Chegou como sempre naquele lugar, na mesma hora de sempre, e se deparou com aquela figura. Os olhos arregalados, muito sangue. Entrou em choque. Ainda tentou sacudi-lo, acordá-lo. Foi quando viu a arma na mão esquerda. Aos poucos foi tomando consciência, percebendo o que acontecia.
De repente, foi deitando aos poucos e se encolhendo na cama.

-Guilhermina, Guilhermina...

Era uma voz suave que a chamava. Era a voz de Fabrício.

-Fabrício, onde você está? você está aí? Não consigo te ver.

Acendeu as luzes,e o quarto foi tomado por uma luz muito forte, branca.

-Fabrício!

Estava Fabrício à sua frente. Mais bonito do que nunca.

-Fabrício, você está...

-Me perdoe Guilhermina. Mas eu também não sabia que ia fazê-lo. E sei que não foi melhor assim. Mas eu não estava em paz.

-Mas porque você fez isso Fabrício?

-Escute Guilhermina. Não fique triste, você precisa continuar.

-Com o que? De que maneira?

-Eu preciso ir agora. Adeus

-Mas...

-GUILHERMINA ABRA ESSA PORTA!

Acordou assustada, lembrou que estava apenas no quarto sem mais ninguém, que Fabrício havia partido. " Foi só um sonho".

-Já estou indo pai.

O pai estranhou, desta vez ela não se recusou a abrir a porta. Parecia estar mais clama.

Então ela levantou-se, sentiu um cheiro de estranho no ar, parecia ser de flores. Sim era cheiro de rosas, as preferidas de Fabrício. Quando acendeu a luz havia uma pétala de rosa branca perto da janela. De onde teria vindo? Não havia flores naturais no seu quarto, muito menos rosas brancas, essas, nem na sua casa tinham.
Então abriu a janela. Nem lá fora haviam flores. Ela sentou-se na cama com a pétala na mão:

-Obrigada Fabrício. Eu também amo você.

Dúvidas

Na verdade, eu torcia pra que fosse chato, assim não acompanharia, e teria a desculpa de que era chato. E porque não seguir a própria vontade? Ah ! chega de perguntas.
Tudo bem. Acompanharia um pedacinho então, ou só escutaria. Podia aproveitar então os intervalinhos, mas isso não ajudaria em nada. Teria que perder e podia. Mas no fundo não era o que eu queria. Queria aproveitar e ver. Tirar proveito do pouco tempo que me fornecia. E além do mais, eu já aguardava há tanto tempo.
Mas, apesar de tudo, nem sempre é tão ruim quanto parece. Às vezes o que se parece ruim é bom.

A FELICIDADE SÃO POMBOS...

Hoje vi o céu mais lindo do mundo.
Não estava totalmente limpo, nem com um Sol radiante. Não tinha Lua ou estrelas. Mas era o mais bonito que já vi. O mais bonito do pra sempre até amanhã. O mais belo daquele momento.
Foram segundos, mas foram. E me apaixonei por aquele céu, naquele momento. Assim como me apaixonei em seguida pelo entardecer, que trazia uma cor alaranjada, e logo depois pela escuridão da noite.
Me apaixonei pelo Sol, pelas árvores, pelos momentos. Senti-me feliz por não ver as horas passarem, pela sensação de ter parado o tempo um pouquinho, pra poder guardar aqueles momentos pra mim. Porque o amor está em toda parte. No dia lindo de Sol, ou no dia nublado e chuvoso. Na coversa, no desabafo. Está nos momentos de alegria. No sorriso de uma criança, num abraço apertado, no casal apaixonado.
A felicidade não é, necessariamente, o extremo, mas a simplicidade. A felicidade é um pequeno prazer. É ter sonhos bons, é passear no parque. É acordar apressado e chegar na hora, é estar ansioso, é ouvir uma música antiga, é conhecer alguém, é se emocionar, é largar tudo. Não há como atingí-la, senão buscá-la nas pequenas coisas, nas ações do dia-a-dia. Nas sensações únicas, nos gostos mais estranhos.
Não preciso amar uma coisa só, posso amar várias. Posso amar um sorriso, uma lágrima, a natureza, as pessoas, os animais, os livros, as belas histórias. Amar tudo ao meu redor, sem busca de objetivos, mas em busca de grandes emoções.
É claro que medo faz parte disso. Medo de errar, de amar, de ser feliz. Mas a felicidade é ter esse medo, é querer vencê-lo. A felicidade é ver amor nos pequenos gestos.
A felicidade são pombos, que vêm comer as migalhas do teu pão.

sábado, 3 de maio de 2008

EM 1985

"Eu tenho vários lados. O lado escuro é um lado muito forte, porque sou muito boêmio, vivo muito de noite. Gosto muito da noite, acho que ela é um espaço, um território livre para tudo. Não sei... a noite é muito dramática, muito bonita. As pessoas que saem na noite, procuram algo que na verdade não vão encontrar, mas elas curtem a procura, aquele papo furado. Gosto muito de sol, também, de praia".
CAZUZA