segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

???




O homem sem rosto que toca divinamente seu instrumento. Toca como se tocasse uma parte de mim.
Uma melodia incapaz de ser descrita. Um som que se perde quando termina de tocar.
Um ambiente de conforto.
Não há medo.
Não há vontade de ir embora.
Prende.
Não se pode controlar.
Não vem quando se quer.
Não dura muito.
Sensação estranha de lembrança familiar e inédita.
Dura pouco se contar os segundos, mas é intensa de uma maneira inigualável.
Mas ele não pára. Está sempre lá. Tocando, à espera de ser ouvido, com a paciência intacta e a esperança de ser compreendido.
Não é real. Vai, além disso.
Aparece quando quer e da mesma maneira vai embora
Não há chão, teto, paredes, ou qualquer coisa palpável. Mas mantêm-se sempre parado, naquele mesmo lugar, naquela posição.
Não consigo sequer chegar perto.
Cabelos longos que cobrem sua imagem, são a única forma física que se pode notar, o resto existe, mas parece não estar ali. Não dá para se notar quando está ali.
E não se pode forçar para relembrar o que nunca aconteceu.


Bolinhas rosas e azuis quando fecho os olhos, misturam-se naquela escuridão infinita.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Faz - de - conta


O que mais incomoda é isso. Saber que tudo passa, que a gente realmente deixa de gostar um dia ,ou que vamos gostando cada dia menos. Que um dia olhamos pra tudo com outros olhos. Que há dias em que pensamos ter esquecido de uma vez e dias em que tudo volta. Que depois de um tempo tudo vai parecer tão distante, que conseguiremos analisar os fatos, os sentidos, as ações. Conseguiremos identificar cada sentimento, entender o porquê de tudo. Saberemos da intensidade com que vivemos, das razões porque fizemos, saberemos quando tudo terminou, ou se ainda não terminou.
Veremos que realmente não podemos voltar atrás, não podemos mudar certas cosias que foram ditas ou feitas, que tudo vai mudando e que é preciso mudar também. E sabemos que tudo dói mas que às vezes é inevitável que não haja dor. Sabemos que por mais que a gente queira com todas as forças nada será igual. Que tempos novos virão, que as lembranças ficam, que resta fazer com que cada dia seja melhor que o outro, que devemos deixar pra lá os lamentos. Que devemos tentar sempre seguir em frente sem olhar o que já foi. Que devemos fugir das tristezas. Que algumas pessoas sempre irão embora da nossa vida. Que coisas que pareciam eternas mudam. E que não podemos fazer nada.
E o que mais dói em tudo isso, é saber que não podemos fazer NADA. Não podemos fazer o tempo voltar atrás, não podemos fazer com que as pessoas que amamos fiquem sempre ao nosso lado e nunca mudem, não podemos. Só podemos seguir em frente. Mas isso cansa. Simplesmente porque não é uma opção, mas é a única chance que nos resta, seguir, sempre seguir, para não deixar que essa impotência tome conta de nós. E o pior é ter consciência disso tudo, dessa “impotência”, e sempre ter que se lembrar de que não devemos nos iludir, que não podemos nos entregar, que temos de lutar contra tudo isso, que não podemos deixar que esse sentimento tome conta de nós. Quando tudo o que gostaríamos era apenas nos deixar levar por essa tristeza, era deixar com que a ilusão entrasse na nossa vida, pra parecer que tudo tem solução, que podemos voltar às vezes, atrás, que podemos resgatar sentimentos, que podemos mandar nos sentimentos, que podemos ter sempre por perto as pessoas que amamos.
Quando tudo o que podemos é fazer de conta, fazer de conta que nada disso é verdade.