domingo, 27 de abril de 2008

SOBRE O RATO

Escrever sobre o rato.
Dia nublado, frio, parado. Ele ali estirado no chão, já esmagado por tudo (sabe-se lá porque, pelo quê). Sua imagem sem vida, destruída no asfalto.
Caído ali, olhos esbugalhados, tão gordo e amassado, seu rabo longo estirado. Passava uma imagem de destruição, preconceito. Porque não tinha adoradores. Ninguém mais o dava importância agora. Ele havia virado lixo.
E ficou lá um dia, dois,três... sabe-se lá quanto tempo, e muito tempo. E cada dia era mais destruído, possuía uma nova forma cada vez que o via, quando passava por ali.
Não conseguia focar a atenção na cabeça, e quando quis, não havia mais cabeça.
Os pêlos foram juntando-se cada vez mais ao corpo gordo que ficou fino, colado na rua.
O que terá visto em seus últimos momentos de vida? Será que viu mesmo algo? Será que teve medo? Ou nem percebeu?
O Rato... desprezado, odiado, insignificante, largado, esquecido. Fedia, mas ele nunca teve culpa. Nossa é a culpa. Mas, porque será que temos tanto a necessidade de achar um culpado? Quem? Nós? O mundo? O esmagador? Ele próprio? Quem? Ninguém.
Uma necessidade me chamou, quiz fazer dele poesia, me pediu todos os dias, até nem existir mais Rato.

Um comentário:

Flávia Dessoldi disse...

O rato é tão asqueroso quanto o esmagador.
Que é tão asqueroso quando a mulher fazendo tricot no sofá da sala cheirando a gato.

Saca?