quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pétalas esquecidas

-Quero ficar sozinha. Não quero ver ninguém.

-Não faça isso Guilhermina, abra essa porta!

-Me deixem em paz.

-Não adianta Pedro, ela não vai sair desse quarto tão cedo.

-Mas ela não pode ficar assim. Trancada, sem querer comer, sem falar com ninguém

-Ela está muito balada por tudo que aconteceu. Só precisa de um tempo .

-Mas Ana, ela já devia ter superado isso.

-Não se supera uma coisa dessas. Mas eu sei o porque da sua preoculpação. Você acha que ela seria capaz de...

-Você sabe que ela já tentou uma vez e seria capza de tentar de novo.

-Você acha mesmo?

-Acho sim Ana. Principalmente depois de tudo que aconteceu.

Aquela imagem de Fabrício não saía da sua cabeça. " Ah... Fabrício porque você fez isso? Nem ao menos me contou. Eu teria ido junto com você". Já não se sentia mais feliz, o único amigo que tinha naquele momento, que amava de verdade acabou com tudo. Bastou uma bala só. Na cabeça. Foi fatal. Logo ele que havia ajudado ela quando tentou tomar aqueles comprimidos. Que alertou-a tanto, que disse aquelas palavras sobre como a vida era bela. Agora ela não via mais razões na vida. Logo ele, que aprecia tão alegre. Parecia. E porque foi fazer aquilo logo naquele lugar? Justo no lugar onde se encontravam escondidos quando não queriam ser vistos, quando queriam fugir do mundo, onde trocavam carinhos, faziam confidências, onde desabafavam. Nada mais aprecia fazer sentido.
Seu rosto já estava vermelho demais, inchado, de tanto chorar. Não parava de pensar. Foi a primeira a ver a cena. Chegou como sempre naquele lugar, na mesma hora de sempre, e se deparou com aquela figura. Os olhos arregalados, muito sangue. Entrou em choque. Ainda tentou sacudi-lo, acordá-lo. Foi quando viu a arma na mão esquerda. Aos poucos foi tomando consciência, percebendo o que acontecia.
De repente, foi deitando aos poucos e se encolhendo na cama.

-Guilhermina, Guilhermina...

Era uma voz suave que a chamava. Era a voz de Fabrício.

-Fabrício, onde você está? você está aí? Não consigo te ver.

Acendeu as luzes,e o quarto foi tomado por uma luz muito forte, branca.

-Fabrício!

Estava Fabrício à sua frente. Mais bonito do que nunca.

-Fabrício, você está...

-Me perdoe Guilhermina. Mas eu também não sabia que ia fazê-lo. E sei que não foi melhor assim. Mas eu não estava em paz.

-Mas porque você fez isso Fabrício?

-Escute Guilhermina. Não fique triste, você precisa continuar.

-Com o que? De que maneira?

-Eu preciso ir agora. Adeus

-Mas...

-GUILHERMINA ABRA ESSA PORTA!

Acordou assustada, lembrou que estava apenas no quarto sem mais ninguém, que Fabrício havia partido. " Foi só um sonho".

-Já estou indo pai.

O pai estranhou, desta vez ela não se recusou a abrir a porta. Parecia estar mais clama.

Então ela levantou-se, sentiu um cheiro de estranho no ar, parecia ser de flores. Sim era cheiro de rosas, as preferidas de Fabrício. Quando acendeu a luz havia uma pétala de rosa branca perto da janela. De onde teria vindo? Não havia flores naturais no seu quarto, muito menos rosas brancas, essas, nem na sua casa tinham.
Então abriu a janela. Nem lá fora haviam flores. Ela sentou-se na cama com a pétala na mão:

-Obrigada Fabrício. Eu também amo você.

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