domingo, 26 de outubro de 2008

Podia


Podia tudo acabar ali, naquele lugar, naquele momento, daquela maneira. Nada mais tinha importância, só o aqui e o agora. Não havia mais ninguém ali, não havia nada demais. Mas, havia tudo. Não precisava de mais nada, pois nada já bastava. Não estava com tudo resolvido,mas nem precisava. Não sentia mais, mas ainda havia o amor, estava frio, mas não havia frio. Tinha tristeza, mas a sensação era a de recordação, saudade. Era a de poder ser triste, de poder estar feliz. De poder confundir. Não precisava ter feito nada. Já possuía o que precisava. Se dispersava.. Não se percebia mais. Perdia o controle, assistia, não encenava por conta própria. N verdade nem sabia mais o que fazia, e nem precisava. Precisar, isso, é exatamente isso, não precisava mais, portanto não se obrigava mais, não tinha que ter, fazer, ser. Podia deixar de ter, de ser, de fazer, podia moldar-se, criar-se e não ser criada, moldada, mas fazê-lo. Podia, exatamente, podia, não devia obrigatoriamente fazê-lo, mas podia, escolhia, queria. E saber disso já bastava. Só por saber disso, já havia conquistado o que nem sabia, o que nem precisava, o que nem pedira, o que nem se imagina.
E então, podia tudo acabar ali. Simplesmente podia. Não necessariamente deveria, mas podia, e só por poder, se acabava.

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